Demôniocracia é uma palavra nova, que procurei criar para tentar definir o que vem ocorrendo no país. Por definição, democracia deveria ser um governo que respeitasse o povo, tendo a sua origem no povo, que trabalharia pelo povo e para o povo. Mas não é o que acontece. Na definição clássica, a democracia é um regime político em que todos os cidadãos elegíveis participam igualmente, seja de forma direta ou por representantes eleitos para propor, desenvolver e criar leis, exercendo o poder por meio do voto.
Democracia é, ou deveria ser, um sistema em que as pessoas de um país podem participar da vida política por meio de eleições, plebiscitos e referendos. A Constituição Brasileira, a nossa lei maior, estabelece a liberdade de expressão, mas as pessoas e até juristas a interpretam de forma dirigida, criando turbulências sociais desnecessárias. As pessoas comuns podem e até devem interpretar as leis e a ordem social de acordo com as suas convicções e de acordo com o que acreditam, mas juristas deveriam ser mais contidos ao espalhar decisões que contrariam a vontade popular. Isso acontece, por menos que se queira expor.
Recentemente a imprensa começou a denunciar atos anti-democráticos. Mas o que é ato anti-democrático? Seria proibir opiniões diferentes daquela proferida pelos mandatários? Essa proibição se aproxima da definição clássica do fascismo. Proibir a liberdade de expressão é anti-democrático sim, mas dar liberdade a só um lado do embate político já é perseguição.
O jornalista, por definição, sempre se pautou contra a censura, mas isso foi no passado. Hoje, são poucos os que enxergam a realidade e, por isso, por essa falta de visão, tem se visto a maioria dos jornalistas defendendo atos de censura. E atos de censura a só um dos lados, o que leva o povo a se apaixonar por uma versão e esquecer a outra. O povo pode se apaixonar pelas versões, mas a imprensa deveria mostrar as duas versões e não o faz. Talvez façam isso sem perceber, mas isso é o resultado da falta de questionar. Não enxerga quem não quer. Não se trata de pender para um dos lados, é mais simples. Basta observar e enxugar por alguns instantes o que foi plantado em nossas mentes.
Plantado sim. Poucos são os que pensam na situação vendo os dois lados e, com isso, se criou o politibol, a mistura da política com o futebol, onde a Torcida A agride a Torcida B, em vez de respeitar a sua existência. Políticos que realmente se preocupam com o que é correto são raros e mais raros ainda os que não mudam assim que conhecem o sistema e passam a executa-lo com os que já estão dentro da farra. Falar de ato anti-democrático onde só se acusa e se condena, mesmo sem prova, não é democracia. A democracia deveria ter pelo menos dois lados. Mas tem um lado que força a barra além do limite, pois, para eles, a democracia é continuar os roubos do passado, é fazer leis que não atinjam os legisladores e fazer julgamentos de causas próprias.
Sendo assim, temos um Executivo que somente se preocupa em encher os bolsos e continuar usando a população com promessas que nunca se cumprem, um Legislativo Uma acusação sem prova não gera um processo de julgamento. Concordo, mas, se pensar um pouco, a realidade está diante dos olhos de todos e basta um mínimo de percepção para enxergar. E essa é a prova. Neste domingo tem eleição e vamos ver se vence a democracia ou a demôniocracia. Como jornalista, devo olhar para os dois lados, sem paixão por nenhum. Não sou eu a decidir uma eleição, pois a diferença jamais seria de um só voto.
Mas é dever votar em quem se acredita, alertar e chamar a atenção para a possibilidade de estarmos usando um tapa-olho seletivo, que só enxerga as qualidades de um e não as de outro. Sendo assim, cada um vai pensar e ver apenas o que quer ver e pior, tentar impor isso aos outros. Ninguém é 100% honesto e nem 100% mau e precisa haver um julgamento justo. É assim que se decide, dentro da sua pessoa, com seu contexto, com as suas diretivas e principalmente com a sua cultura pessoal, que reúne aquilo em que você realmente acredita.
Sendo assim, que possamos decidir bem e fazer a escolha mais adequada a cada um, sem tentar impor isso ao outro. É assim que decidiremos o futuro. Democraticamente ou demôniocraticamente.