Cinco pessoas foram presas na manhã desta terça-feira, 11 durante a Operação Rio Grande, que investiga a pesca predatória na barragem da Usina Hidrelétrica de Porto Colômbia, que integra o sistema Furnas, entre Colômbia-SP e Planura-MG.
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Cerca de duzentos policiais federais e militares ambientais participaram da operação, que visava cumprir onze 11 mandados de prisão temporária que foram expedidos pela Primeira Vara Federal de Barretos-SP. Seis suspeitos ainda estão foragidos.
Ao todo, os agentes apreenderam doze motores de popa, cinquenta quilômetros de redes de pesca, 112 tarrafas, dez barcos, 460 munições calibre 22 e uma espingarda calibre 12. A Polícia Militar Ambiental também lavrou 37 autos de infração.
A Operação apreendeu ainda 1,3 tonelada de peixes retirados do Rio Grande e que seriam comercializados ilegalmente. Em nota, a Polícia Federal informou que grupos criminosos financiavam pescadores para atuarem no Rio Grande, no trecho entre a ponte Gumercindo Penteado e a Usina Hidrelétrica de Porto Colômbia, na divisa dos estados de São Paulo e Minas Gerais.
Ainda segundo a PF, os suspeitos agiam próximo à barragem da usina, onde a pesca é proibida, isso porque o local abriga grande concentração de peixes, principalmente durante a piracema, que é o período de reprodução desses animais.
As quadrilhas forneciam combustível, barcos, motores de popa, redes, tarrafas e outros apetrechos aos pescadores. Depois, os peixes eram comercializados. Os investigados responderão por associação criminosa, pesca ilegal e comércio ilegal de pescados.
Os presos foram levados ao Centro de Detenção Provisória-CDP de Ribeirão Preto-SP. Segundo a PF, a carne será doada ao Hospital de Câncer de Barretos-SP.
A operação contou com a participação do helicóptero Águia da PM, que sobrevoou por várias vezes a cidade, assustando os moradores. A PF estava na segunda-feira, 10, na cidade de Barretos, onde várias viaturas estacionadas na Praça Francisco Barreto, na área central, chamavam a atenção. Até então, ninguém sabia qual era o intuito desta presença dos policiais na cidade e a única informação era de que eles iriam se hospedar em um hotel e estavam em uma reunião no prédio da ACIB, para, na terça-feira, participar de uma reunião no Parque do Peão.
APURAÇÃO CONJUNTA
As investigações tiveram início no final de 2014 após a Polícia Militar Ambiental apresentar indícios da ocorrência frequente deste tipo de crime ao longo da barragem. Moradores fizeram várias denúncias sobre a ação da quadrilha, formada por pescadores aliciados por donos de peixarias. Equipados com barcos e motores potentes, eles atuavam na pesca ilegal no Rio Grande. “O financiamento consiste principalmente no fornecimento de materiais, como embarcações, motores, combustíveis, redes e outros apetrechos de pesca para que os pescadores lograssem êxito na retirada dos peixes”, afirma o delegado de Polícia Federal Guilherme Biagi.
De acordo com Biagi, o local concentra uma fauna aquática diversa, principalmente na época da piracema, período de maior concentração de peixes durante a reprodução. “Se a forma de pesca prosseguisse como vinha ocorrendo naquela região, em alguns anos, o dano ambiental seria irreversível. As futuras gerações não teriam peixes naquela região”, afirma.
AÇÃO DA QUADRILHA
A investigação apontou que as peixarias beneficiavam o pescado e distribuíam para mercados em cidades de São Paulo e Minas Gerais. A descoberta, no entanto, ainda é alvo de apuração da PF.
Segundo Biagi, a quadrilha contava até mesmo com olheiros, que alertavam os criminosos sobre a aproximação da polícia. “A cidade é muito pequena e qualquer movimentação da polícia era facilmente observada pelos olheiros. Eles pescavam à noite para dificultar o trabalho de fiscalização. Normalmente, vinham duas ou mais embarcações, o que facilitava a fuga deles.”
De acordo com o major da PM Ambiental, Olivaldi Azevedo, a quantidade de redes apreendida estendidas dariam para ligar as cidades que fazem a divisa na região. Também foram lavrados 37 autos de infração no valor de R$ 30 mil. “Apreendemos 112 tarrafas, dez embarcações e doze motores de popa. Um deles nos salta aos olhos pela potência. Em razão do barco em que ele estava acoplado, seria impossível persegui-lo com uma embarcação pequena com motor 90”, afirma.
A PF informou que seis pessoas são consideradas foragidas. No momento das prisões, na manhã desta terça-feira, algumas delas não foram encontradas porque estavam praticando a pesca ilegal. Caso os suspeitos não se apresentem poderão ter a ordem de prisão temporária convertida em preventiva.
G1 Ribeirão Preto e Franca