Donos de peixarias financiavam pesca ilegal em lago da usina de Colômbia, diz PF

Cinco pessoas foram presas temporariamente suspeitas de aliciar pescadores na região. Uma tonelada de pescado foi apreendida e serĂĄ doada ao Hospital de Câncer de Barretos

Por Portal Notícias Colômbia SP em 11/09/2018 às 22:09:00 - Atualizado hĂĄ
Polícia Federal e Polícia Militar Ambiental em operação em Colômbia, SP - Foto: Divulgação

Polícia Federal e Polícia Militar Ambiental em operação em Colômbia, SP - Foto: Divulgação

Cinco pessoas foram presas na manhã desta terça-feira, 11 durante a Operação Rio Grande, que investiga a pesca predatória na barragem da Usina Hidrelétrica de Porto Colômbia, que integra o sistema Furnas, entre Colômbia-SP e Planura-MG.

Leia também: Operação Rio Grande cumpre 11 mandados de prisão por pesca predatória na Usina Hidrelétrica

Cerca de duzentos policiais federais e militares ambientais participaram da operação, que visava cumprir onze 11 mandados de prisão temporária que foram expedidos pela Primeira Vara Federal de Barretos-SP. Seis suspeitos ainda estão foragidos.

Ao todo, os agentes apreenderam doze motores de popa, cinquenta quilômetros de redes de pesca, 112 tarrafas, dez barcos, 460 munições calibre 22 e uma espingarda calibre 12. A Polícia Militar Ambiental também lavrou 37 autos de infração.

A Operação apreendeu ainda 1,3 tonelada de peixes retirados do Rio Grande e que seriam comercializados ilegalmente. Em nota, a Polícia Federal informou que grupos criminosos financiavam pescadores para atuarem no Rio Grande, no trecho entre a ponte Gumercindo Penteado e a Usina Hidrelétrica de Porto Colômbia, na divisa dos estados de São Paulo e Minas Gerais.

Ainda segundo a PF, os suspeitos agiam próximo à barragem da usina, onde a pesca é proibida, isso porque o local abriga grande concentração de peixes, principalmente durante a piracema, que é o período de reprodução desses animais.

As quadrilhas forneciam combustível, barcos, motores de popa, redes, tarrafas e outros apetrechos aos pescadores. Depois, os peixes eram comercializados. Os investigados responderão por associação criminosa, pesca ilegal e comércio ilegal de pescados.

Os presos foram levados ao Centro de Detenção Provisória-CDP de Ribeirão Preto-SP. Segundo a PF, a carne será doada ao Hospital de Câncer de Barretos-SP.

A operação contou com a participação do helicóptero Águia da PM, que sobrevoou por várias vezes a cidade, assustando os moradores. A PF estava na segunda-feira, 10, na cidade de Barretos, onde várias viaturas estacionadas na Praça Francisco Barreto, na área central, chamavam a atenção. Até então, ninguém sabia qual era o intuito desta presença dos policiais na cidade e a única informação era de que eles iriam se hospedar em um hotel e estavam em uma reunião no prédio da ACIB, para, na terça-feira, participar de uma reunião no Parque do Peão.

APURAÇÃO CONJUNTA

As investigações tiveram início no final de 2014 após a Polícia Militar Ambiental apresentar indícios da ocorrência frequente deste tipo de crime ao longo da barragem. Moradores fizeram várias denúncias sobre a ação da quadrilha, formada por pescadores aliciados por donos de peixarias. Equipados com barcos e motores potentes, eles atuavam na pesca ilegal no Rio Grande. “O financiamento consiste principalmente no fornecimento de materiais, como embarcações, motores, combustíveis, redes e outros apetrechos de pesca para que os pescadores lograssem êxito na retirada dos peixes”, afirma o delegado de Polícia Federal Guilherme Biagi.

De acordo com Biagi, o local concentra uma fauna aquática diversa, principalmente na época da piracema, período de maior concentração de peixes durante a reprodução. “Se a forma de pesca prosseguisse como vinha ocorrendo naquela região, em alguns anos, o dano ambiental seria irreversível. As futuras gerações não teriam peixes naquela região”, afirma.

AÇÃO DA QUADRILHA

A investigação apontou que as peixarias beneficiavam o pescado e distribuíam para mercados em cidades de São Paulo e Minas Gerais. A descoberta, no entanto, ainda é alvo de apuração da PF.

Segundo Biagi, a quadrilha contava até mesmo com olheiros, que alertavam os criminosos sobre a aproximação da polícia. “A cidade é muito pequena e qualquer movimentação da polícia era facilmente observada pelos olheiros. Eles pescavam à noite para dificultar o trabalho de fiscalização. Normalmente, vinham duas ou mais embarcações, o que facilitava a fuga deles.”

De acordo com o major da PM Ambiental, Olivaldi Azevedo, a quantidade de redes apreendida estendidas dariam para ligar as cidades que fazem a divisa na região. Também foram lavrados 37 autos de infração no valor de R$ 30 mil. “Apreendemos 112 tarrafas, dez embarcações e doze motores de popa. Um deles nos salta aos olhos pela potência. Em razão do barco em que ele estava acoplado, seria impossível persegui-lo com uma embarcação pequena com motor 90”, afirma.

A PF informou que seis pessoas são consideradas foragidas. No momento das prisões, na manhã desta terça-feira, algumas delas não foram encontradas porque estavam praticando a pesca ilegal. Caso os suspeitos não se apresentem poderão ter a ordem de prisão temporária convertida em preventiva.

G1 Ribeirão Preto e Franca

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