Cerca de 50 trabalhadores indĂgenas oriundos do Mato Grosso do Sul foram encontrados pela PolĂcia Militar vivendo em condições precĂĄrias em duas residĂȘncias alugadas por uma empresa de colheita de laranja, localizadas nas Ruas PatrocĂnio, Vila Piava e João JanuĂĄrio, no Centro de Planura.
A denĂșncia à PolĂcia Militar alertava sobre a situação de vulnerabilidade desses trabalhadores, que estavam alojados em moradias desprovidas de itens bĂĄsicos como televisão, fogão e geladeira. Os relatos indicam que os moradores compartilhavam apenas dois banheiros, além de enfrentarem acomodações com colchões no chão. Uma das casas abrigava 22 moradores, enquanto a outra acomodava 30.
Segundo um dos moradores, recém-chegado à cidade para trabalhar na colheita de laranjas, os alimentos são servidos em marmitex. Cada quarto possui apenas dois ventiladores para amenizar o calor.
Os trabalhadores foram transportados em trĂȘs viagens de uma van da aldeia PirajuĂ da cidade de Paranhos-MS, a aproximadamente 1015 km de distância, e se comunicam em Guarani, sendo a maioria não alfabetizada. Os policiais sargento Edivaldo e soldado Paulo, ao investigarem as denĂșncias de uma das residĂȘncias, foram informados da existĂȘncia de outra residĂȘncia com condições semelhantes de moradia.
Conforme a ocorrĂȘncia, um dos trabalhadores apresentou um contrato que teria sido assinado sem leitura prévia. Este trabalhador alega que a empresa não fornece informações sobre a quantidade colhida diariamente no dia da colheita e que a promessa de um cartão de R$ 500 para alimentação ainda não foi cumprida. Os trabalhadores afirmam desconhecer o valor exato que recebem diariamente e mensalmente, e reclamam que os equipamentos de segurança obrigatórios foram descontados de seus salĂĄrios.
Os moradores também expressaram insatisfação com as condições do ambiente, destacando que, devido ao calor, dormem na ĂĄrea externa das residĂȘncias. Nos banheiros, houve reclamação da falta de papel higiĂȘnico, e os utensĂlios de higiene e limpeza deveriam ser adquiridos pelos próprios trabalhadores.
Na segunda residĂȘncia, a polĂcia encontrou apenas um bebedouro de ĂĄgua disponĂvel. Os moradores relataram a ausĂȘncia de sacos de lixo para descartar as embalagens das marmitex. Os homens alojados não souberam informar se tomaram a vacina contra Covid-19.
A situação serĂĄ encaminhada ao Ministério do Trabalho. Uma perĂcia serĂĄ realizada nos alojamentos para apuração e investigação da PolĂcia Civil.