Um impasse que se prolongava há 17 anos teve fim. O Incra teve a imissão na posse da Fazenda Colômbia/Água Fria, no município de Colômbia. O imóvel de 1.993 hectares sediará um projeto de assentamento para as 300 famílias de trabalhadores sem terra que vivem acampadas desde 1999 em uma estrada vicinal que dá acesso à propriedade.
O ato de imissão na posse foi acompanhado pelo presidente do Incra, Leonardo Góes, pelo diretor de Desenvolvimento de Projetos de Assentamentos, Ewerton Giovanni dos Santos, e pelo superintendente regional substituto do Incra em São Paulo, Edson Fernandes. Na ocasião, os oficiais de justiça entregaram a notificação ao representante dos proprietários do imóvel e transferiram para a autarquia a responsabilidade legal sobre a fazenda.
Pacificação do conflito – A área da Fazenda Colômbia/Fazenda Água Fria foi desapropriada pelo governo federal em novembro de 1999. No entanto, uma série de disputas judiciais impediu que o Incra tivesse a imissão na posse. Desde agosto, a Superintendência Regional de São Paulo vinha buscando um acordo com os antigos proprietários no sentido de encerrar o impasse e dar início à implantação do projeto de assentamento.
A imissão na posse da propriedade também encerra o conflito agrário na área. Segundo o relato de acampados, nos últimos anos houve casos de ameaças e violência física contra trabalhadores sem terra. O presidente do Incra destacou o papel da autarquia como mediador na busca pela paz no campo. “Além de realizara reforma agrária, o Incra desempenha o importante papel de pacificação dos conflitos no campo. A situação dos acampados nesta área tornou emblemático o caso da Fazenda Colômbia/Água Fria. Aqui há jovens de 18, 19 anos que nasceram debaixo de lona. Finalmente, agora terão resgatada a dignidade. Acredito que no início de 2017 haverá as condições necessárias para iniciar a implantação do PA”, explicou Góes.
Crescimento econômico – Já o diretor de Desenvolvimento de Projetos de Assentamentos falou sobre a importância da criação de um PA na área. Para ele, os futuros assentados contribuirão para o crescimento da economia do município, ampliando a produção de alimentos na região. “A agricultura familiar é um instrumento que gera renda, reduz as desigualdades sociais e eleva a receita da Prefeitura. Com a imissão na posse, o Incra terá condições de implantar o assentamento e contribuir ainda mais para o desenvolvimento da região”, salientou.
O cadastramento e seleção das famílias deverá ter início em fevereiro ou março. Esta é a previsão do superintendente regional do Incra em São Paulo. Fernandes disse que essa etapa do trabalho será implementada de forma transparente, garantindo que todos aqueles com perfil de beneficiários da reforma agrárias terão garantidos os seus lotes. “Hoje, os acampados deram o primeiro passo para se transformarem em assentados. O direito à terra foi conquistado por essas 300 famílias. Cabe a elas mostrar que têm potencial para produzir alimentos de qualidade. Essa é a responsabilidade de todos a partir de agora”, frisou Fernandes.
Espera recompensada – Maria Eugênia dos Santos, 56 anos, chegou ao acampamento em 1999. Ao longo de 17 anos, jamais perdeu a esperança de conseguir um lote para plantar. Apesar das precárias condições enfrentadas por quem vive sob a lona, ela acredita que todo o sacrifício foi recompensado. “Cheguei com os filhos pequenos e vi meu neto nascer aqui. Muitos diziam que era perda de tempo, que não conseguiríamos nada. Nunca perdi a esperança. Hoje vejo o meu sonho e o de todas as pessoas daqui se realizando. Foi o meu presente de Natal”, disse.