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Acidente

Bancos ficaram sobre as pessoas, diz sobrevivente de tragédia com ônibus

Colisão aconteceu nesta quinta-feira (16), em Mirante do Paranapanema. Passageiros relataram sobre gritaria, escuridão e desespero.


Desespero, gritos e escuridão. Foi desta forma que alguns dos passageiros do ônibus de sacoleiros que bateu em outro coletivo que transportava estudantes descreveram os momentos após a colisão. O acidente aconteceu na madrugada desta quinta-feira (16), em Mirante do Paranapanema, e os sobreviventes só conseguiram mensurar a gravidade da situação quando saíram do veículo. Oito pessoas morreram e 46 pessoas ficaram feridas, de acordo com a Polícia Civil.

O vendedor João Esteves relatou que só ouviu o motorista freando e, em seguida, a batida. “Só ouvi a pancada e o resto a gente não viu mais nada. Depois, a gente tentou só ajudar alguém, livrar as pessoas. Só isso. A gente não sabia o que tinha acontecido, ficou apavorado. Depois viu que tinha outro ônibus. Não tenho nem o que falar. A gente está triste. Agora é rezar e pedir a Deus”, lamentou.

Com ele estava o também vendedor Márcio Brito de Souza. Ele estava acordado no momento do acidente, por volta da 0h, e ouviu a freada e a batida. “Depois, apagou tudo e ouvi os gritos das pessoas. Não dava para ver nada. É muito rápido, não tem como. Muita gente gritou, os bancos estavam em cima das pessoas, gente que voou para o outro lado. Gente com dor, machucados, outros pedindo socorro, uns presos nas ferragens. É muito triste, um sentimento de impotência total”, afirmou.

'Deus dá força para fazer isso'
Souza relatou ainda que muitos conseguiram sair sozinhos de dentro ônibus, depois que um caminhoneiro quebrou os vidros da janela do veículo. “Fomos saindo aos poucos. A gente foi socorrendo quem dava e depois os bombeiros chegaram e foram tirando os que davam para tirar. Deus dá força para fazer isso. Todos que perderam a vida eram nossos amigos. É muito triste”, comentou o vendedor.

O comerciante Sebastião Nunes Barbosa contou que estava dormindo e acordou com a pancada entre os veículos. Na sequência, ele também relatou sobre os gritos e que foi arremessado para a frente do coletivo. “Os bancos foram se juntando tudo. Eu estava mais ou menos no meio do ônibus e fui parar lá na frente com a pancada. Aí veio um cheiro forte dentro do ônibus e parecia que todo mundo estava se afogando nesse cheiro. Foi um desespero total”, descreveu.

Barbosa teve um corte na cabeça e disse que não se importou com a sua situação após ver as condições das demais vítimas. “Depois que eu vi, eu era o de menos. Tinham pessoas mais machucadas. Foi horrível. Só na hora em que quebraram os vidros que a gente saiu, que eu vi que a situação era feia. Quem morreu era tudo amigo nosso”, disse.

O comerciante falou que faz essa viagem ao Paraguai semanalmente e que nunca havia se envolvido em um acidente. “O sentimento é muito triste, perder os amigos, muita gente machucada. Não quero nunca mais passar por isso. Minha família ficou desesperada, ligando. Mas já tranquilizei a todos”, enfatizou Barbosa.

'É triste demais'
A vendedora Jandira Sartório estava no fundo do ônibus e foi arremessada para a frente. “Estava no penúltimo banco e só sei que fui parar lá no meio, com as poltronas todas arrancadas. Foi tudo destruído. Estava muito escuro e a gente só ficou sabendo que tinha gente que tinha falecido quando saiu do ônibus, que era o pessoal da frente”, disse.

Ela também comentou que todos jantaram juntos e que este foi o último momento com os amigos. “É triste demais. É complicado, mas fazer o quê? É a vida. Deus dá força. Foi um milagre para a gente que estava no fundo porque quem estava na frente estão todos internados ou morreram”, lamentou a vendedora.

O paisagista Roney Faelis explicou que ajudou a remover os bancos que se desprenderam com o impacto para auxiliar os feridos. “O susto foi grande. Quando você vê o ferro todo retorcido, a primeira coisa que você pensa é na tua vida, na tua família e em ajudar a salvar as outras pessoas que estavam lá dentro, gritando de dor. É uma tragédia, uma coisa medonha”, afirmou.

O acidente
A colisão frontal envolveu um ônibus de estudantes de Teodoro Sampaio (SP) e outro de sacoleiros de Iturama (MG). O trânsito no local chegou a ficar interditado, mas depois passou a fluir no sistema de "pare e siga". Na tarde desta quinta-feira (16), a Polícia Civil divulgou o nome das vítimas fatais, sendo cinco mulheres e três homens.

Em luto, as universidades de Presidente Prudente (SP) onde os alunos estudavam decidiram suspender as aulas nesta quinta-feira (16).

Do ônibus que transportava os estudantes, morreram o motorista e três passageiros. Do ônibus que transportava os sacoleiros, também morreram o condutor e três passageiros, segundo a polícia.

O veículo dos universitários voltava de Presidente Prudente, cidade onde os alunos estudavam, para Teodoro Sampaio. As instituições de ensino superior da cidade realizam levantamento para saber o número de alunos envolvidos no acidente.

Já o ônibus dos sacoleiros retornava do Paraguai, com destino à cidade mineira. O veículo de turismo pertence a uma empresa de transporte de passageiros do município e fazia a linha Iturama-Foz do Iguaçu (PR), tendo como destino final o Paraguai. No ônibus, estavam passageiros e sacoleiros de Iturama e Frutal (MG) que viajavam com o objetivo de fazer comprar no país vizinho.

Os feridos foram levados para hospitais de Teodoro Sampaio, Mirante do Paranapanema e Presidente Prudente, no Oeste Paulista. De acordo com a Polícia Civil, 11 feridos foram socorridos em estado grave e 35 com lesões de natureza leve.

A polícia ainda trabalha na identificação de todas as vítimas.

Os corpos dos mortos serão levados para as unidades do Instituto Médico Legal (IML) em Presidente Prudente e Presidente Venceslau (SP).

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